segunda-feira, 24 de outubro de 2011

Quando era garoto....

Quando era garoto passava os dias ouvindo música. A gente tinha um vizinho, Donizete era o nome dele. Era um desses caras que tocava violão em igreja ou algo assim. Sempre que ouvia o cara tocar corria pelos corredores de um residencial onde a gente morava no Anchieta até o apartamento dele. Nem sempre eu dava a sorte da porta de casa estar aberta. Quando isso rolava era uma puta decepção. Minha mãe conta que certa vez eu fui lá sem roupa. Eu era bem novo mesmo, tipo uns 3, 4 anos. Eu já me ligava em música desde essa época. Sempre foi algo natural pra mim. Eu tinha uma guitarra de brinquedo que ganhei do meu pai e eu ficava imitando os caras que eu via na televisão e até mesmo tentando tirar algum som daquilo. Eu até hoje não sei exatamente como aprendi a tocar. Nunca entrei numa escola ou algo assim. Quando mudei pra São Paulo em 2004 foi que eu comecei a tentar tocar pra valer. Eu já sabia alguns acordes que eu havia aprendido em revistinhas, dessas bem podres que tem transcrições erradas que você encontra em qualquer banca de revistas, mas eu não sabia muita coisa além disso. Eu aprendi muito vendo outros caras tocar. Nessa época eu andava muito com o Caio Andrade, que  acho até hoje um dos guitarristas mais completos que eu já conheci. Eu o conheci numa outra história insólita que nem posso escrever aqui, num show das Velhas Virgens em Rio Preto em 2002. Aprendi muita coisa vendo ele tocar. E a minha escola foi mais ou menos essa, no palco. Eu sou um vagabundo. Confesso. Não estudo em casa. Até porque tenho uma vizinha terrível. A gente vive num clima meio Libiano aqui. Baixo, por exemplo, eu aprendi porque precisaram de um baixista pra um show da Alice Não Dorme. Eu liguei pro Fábio Brum perguntando se ele tinha um baixo pra me emprestar, cheguei lá sem saber nenhuma música, sem nunca ter visto nenhum show deles e sem nunca ter tocado baixo. E tudo saiu bem. Hoje até acho que tenho mais facilidade pro baixo do que pra guitarra. Se tem algo que agradeço na minha vida é por ter a música, pois nela eu acredito. Pode estar rolando uma guerra que é possível se desligar e acreditar que existe um lugar melhor.


Não lembro exatamente onde foi tirada essa foto, talvez alguma coisa teatral da escola (pasmem), mas o jeito de segurar a guitarra ainda é o mesmo.

2 comentários:

  1. sempre a música... inquieta a fúria e enfurece a calma. Não é tom é dom. É prá mente sã e louca, pro cérebro, pro coração e prá boca do estômago. Sempre ela!

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